Um Profundo Sentimento

Por Maria Gabrielle Masselli

Nefelibatas são aqueles que vivem nas nuvens, donos de mentes aéreas, imaginativas. Perdem-se em sonhos, ainda que acordados, entregam-se às suas fantasias, utilizam essa forma de escapismo, evasão, vivem em um mundo próprio.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Perspicaz

Ouço tua música e lembro-me de teu olhar insaciável, pequeno e convidativo. Não era apenas a perdição de dois mundos. Poderia ser chamado de constelação de estrelas, pois formavam e traçavam teus belos traços que hoje estão vermelhos e amargos. Mas era mais que isso, prefiro chamar de uma condenação. Pois me prendia e me perdia entre dois mundos, ficava vagando aonde tudo que posso olhar é você e aquilo era tão inacreditável quanto o amor. Estrelas eram os únicos pequenos fragmentos constando que eu estava mesmo perdida longe de tudo dito ser real. E eu estava tão condenada a você que nada mais poderia me fazer viajar. Éramos eu e você, teu reluzente olhar acompanhando o brilho da cortina que nos cercava, alguns de meus milhares sorrisos e uma canção, apenas uma canção nos protegendo. Aquilo era mesmo um sentimento? Lembrar de todos os lugares onde passamos, de todas estrelas que contamos. É tão viciante, algo bom, algo ruim, darei meio termo. Pois senti algo para sempre e para nunca mais. Acho que essa canção vai acabar comigo, então esse será o último toque, a última contagem, desligue o rádio e feche os álbuns. Feche meus olhos e tape minha boca. Esconda minhas memórias e me leve de volta ao chão. Rasgue as cortinas e então por fim meu coração se partirá junto a ela, isso está acabando comigo. “Como posso te achar tão perfeito se me machucas?” ficarei com isso e não vou lembrar dos meus dias, não vou ligar o som e nem olhar para o céu, sei que irei achar a resposta pela qual vaguei e saberei que intacta no chão estou. Amar não é amor, foi apenas uma contagem de brilhos e sons. Fico ainda com aqueles antigos fragmentos que agora significam que vivi um sentimento que hoje não está mais aqui, algo (ir)real. Vermelho e Amargo.